- Cairo, Egito -
09 de maio de 1925
Péssimo dia. Como previsto, os experimentos do Dr.Harper resultaram em abominações. O mesmo pode ser dito com a tentativa de convocação de Yog-Sothoth por parte de Norton e Padre Mark - que teve sua face queimada terrivelmente no processo, pagando um alto preço por sua ousadia. Todos estamos lidando com magias desconhecidas e conhecimentos fatais - catástrofes.
Harper está mal...o Necronomicon o seduz cada vez mais.
10 de maio de 1925
Imbuídos de coragem pura - e pela loucura, temo eu - nos embrenhamos na escuridão da necrópole uma vez mais, desta vez determinados a capturar o Disco de R'lyeh para assim podermos abandonar essa terra maldita e profana. Encontramos câmaras negras onde centenas de pessoas permanecem em estado hibernante, famintas pela chegada da noite; sarcófagos e ídolos aberrantes homenageados em cada corredor e parede; glifos perturbadores talhados por mentes doentias e escravizadas pela escuridão do Faraó Negro.
Assim então chegamos ao nosso destino e nos deparamos com o indescritível.
Havia entranhas, grandes como as de uma baleia, espalhadas por todo o recinto infernal. O chão estava coberto por algo que parecia ser uma sopa intestinal misturada à sangue. O odor ardia e debilitava nosso olfato, de tão grotesco. No centro do salão vivo, havia um gigante milenar em seu trono de pedra. Cabeça de polvo, corpo humanóide. Asqueroso e terrível. Agora sabíamos, contra nossa vontade, de onde vinha tudo aquilo que revestia a sala. Em sua barriga, uma enorme ferida escancarada, que despejava seu conteúdo sobre o salão. Anankra - assim era denominado o Guardião de Apophis, aquela monstruosidade. Acima dele, um ornamento do deus Cthulhu e o Disco de R'lyeh encrustado nele.
O terror tomou a todos, chocante e impiedoso. Nosso padre, que Deus o tenha, sucumbiu então à loucura. Não havia mais fé ou razão em seus olhos.
Norton e Dr.Ross escalaram a coisa, que estava aparentemente morta à séculos, e conseguiram extrair o disco, finalmente. Mas nossa sofrida vitória foi encerrada com o despertar da criatura. Nathan Grey jura ter visto o próprio Faraó Negro, Nephren-Ka, assoprar uma flauta de ossos para despertar o guardião de seu templo.
"Você me quer? Então você me tem!!" foram os últimos brados ensandecidos de Padre Mark, antes dele escalar a criatura, alcançar sua cabeça e tentar, em vão, ferir o monstro. O restante de nós correu, pois sabíamos que não havia esperança por nosso companheiro e nossa coragem havia sido superada, em muito, pelo horror.
Meu coração pesa em relatar isso, mas o padre atrasou o monstro. Anankra o apanhou e desmembrou, torceu e esmagou em uma espécie de fascínio doentio, como uma criança brincando com um pequeno besouro. Enquanto eu corria, ajudando os outros a carregar o pesado Disco, eu ainda pude ouvir os bravejos derradeiros do padre.
O gigante emergiu daquela pirâmide negra e nos perseguiu pela necrópole escuridão à dentro. Graças às anotações e cálculos de Edward Norton, tomávamos ruas estreitas onde seu corpanzil não pudesse passar - embora ele abrisse seu próprio caminho com braços poderosos em nosso encalço.
Enfim encontramos a luz do sol ao sair daquele inferno e por pouco o Arco de Ra - já reconfigurado por algum dispositivo que não conhecemos - não nos sela com a criatura.
Pudemos tomar fôlego após uma hora. Mas apesar de tudo, estávamos com o Disco de R'lyeh.
Depois disso, voltamos para o Cairo, tivemos problemas com a milícia local mas conseguimos contornar a situação com algumas peças de ouro legítimo que pegamos das escavações de Clarice Osborn.
- Arkham, EUA -
12 de junho de 1925
Após uma longa e cansativa jornada, voltamos a Arkham. Harper falsificou documentos e carimbos para convencer o Museu de Nova Yorque de que a expedição foi um fracasso total. Ainda sentimos muito pela perda de Brian Mark, que Deus o tenha em seus braços.
Não sei se sinto pesar ou alívio por ele - afinal, ele foi o primeiro a encontrar a paz em meio a esse tormento que nos assombra em vida. Agora, planejamos nossa próxima empreitada: Ilha de Páscoa. Somente Deus sabe qual de nós será o próximo a sucumbir...
Nenhum comentário:
Postar um comentário